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BASES PARA A PASTORAL JUVENIL

Estas “Bases” permitirão continuar o trabalho que se vem desenvolvendo na pastoral juvenil em Portugal e proporcionarão às Dioceses e aos movimentos apostólicos juvenis o quadro referencial para definirem orientações concretas que sejam mais adequadas às suas realidades e necessidades. Nelas são considerados “princípios de ordem geral” que pretendem ser comuns a todos, são dadas “orientações pastorais” e indicam-se as “estruturas” que parecem necessárias para concretizar os objectivos.

 

I - PRINCÍPIOS DE ORDEM GERAL

1. A Igreja tem sempre, no horizonte diário da sua missão evangelizadora, todas as pessoas, sem excepção. Os jovens, porém, pela sua maior sensibilidade às mutações sociais, culturais e mesmo eclesiais e pelo papel que assumem na sociedade actual, merecem uma especial atenção, pelo que se pode dizer que, hoje, na pastoral global da Igreja, a pastoral juvenil é fundamental.

2. A atenção pastoral aos jovens implica, por parte da Igreja e dos agentes pastorais, um conhecimento actualizado e concreto da sua situação e da problemática que mais os atinge no dia a dia. Implica, ao mesmo tempo, um discernimento sereno sobre as mesmas, que leve à concretização de propostas claras, adequadas e operativas, não só em favor dos jovens, mas que os envolvam na concretização dos seus projectos e na solução dos seus problemas.

3. Os jovens devem ser considerados na globalidade dos aspectos que integram a sua vida, tendo em conta os dinamismos que mais os atingem e condicionam nos seus comportamentos e atitudes e os que mais favorecem o amadurecimento pessoal e a capacidade de resposta aos seus problemas e aos da sociedade e da comunidade cristã em que estão inseridos.

4. A modernidade e a época que se lhe seguiu, tiveram aspectos positivos, como a circulação livre de informação, o respeito pelo pluralismo de opiniões e pelas minorias, a abertura à personalização, à participação e à solidariedade que a globalização da informação proporciona. Porém, tiveram e têm aspectos negativos que atingem especialmente as gerações mais novas, como o individualismo crescente e a subjectivação da verdade e da liberdade; a sede permanente de emoções e de novas sensações e experiências; a degradação sexual e a dificuldade de assumir compromissos estáveis que perdurem no futuro; a reacção a normas, orientações e regras, ditadas por qualquer forma de autoridade; a contestação fácil das formas institucionais tradicionais como a família, a escola, a sociedade política, a Igreja e as outras confissões religiosas.

Num mundo pluralista multiplicam-se tanto as opções, como os constrangimentos. Os jovens, como vivem em constante tensão, vivem, ao mesmo tempo, na procura insistente das mais diversificadas formas de quietação interior.

Não faltam, também, neste contexto social e humano, os que parecem ter perdido o sentido da vida e já desistiram de prosseguir ou se encontram à beira da desistência.

Um clima de acolhimento, compreensivo e gerador de esperança, aparece como fundamental no relacionamento pastoral com os jovens.

5. Elementos novos determinam a problemática dos jovens na nossa sociedade e neste tempo: a dificuldade crescente de programar o futuro e de organizar a família por falta, em muitos casos, de emprego estável, com a consequente atitude de adiamento; a fácil mobilidade, a diversificada convivialidade, o contacto frequente com formas novas de cultura e a possibilidade de experiências existenciais, que não geram nem laços, nem compromissos; a diminuição de influência das instituições religiosas nas suas vidas e comportamentos e a tentação de relegar, em consonância com um clima que se difunde, para a consciência individual as opções e as manifestações neste campo; a organização social que muitas vezes privilegia exageradamente uns e desconhece outros com iguais ou maiores capacidades.

Há também características da vida religiosa dos jovens, umas negativas e outras positivas, que importa referir, tais como a manifestação de um cristianismo fácil, a pouca afeição pela prática dominical, a sensibilidade por experiências de oração e espiritualidade, a adesão a peregrinações e encontros de massa (Jornadas Mundiais da Juventude, Fátima Jovem, Taizé...), a sensibilidade à beleza litúrgica...

Todas estas e outras situações merecem uma especial atenção pela sua influência na vida de muitos jovens.

6. Há ainda outros problemas, no âmbito interno da Igreja, a que os jovens são particularmente sensíveis e que importa ter em conta na sua evangelização: a linguagem, a qualidade das celebrações, as exigências do Evangelho, a monumentalidade do património imobiliário, as estruturas eclesiais, as exigências de preparação para a recepção dos sacramentos. Muitos jovens, porém, sabem que, apesar das vicissitudes, a Igreja permanece sólida e atraente, na medida da sua fidelidade a Jesus Cristo, e que o caminho para a Verdade e para a Vida, embora estreito e difícil, é pleno de esperança.

7. A pastoral juvenil é, portanto, a acção da Igreja com os jovens, na evangelização e na educação cristã, em ordem à opção por Jesus Cristo, à maturidade humana e cristã da fé e ao compromisso eclesial, apostólico e social. Este laboratório de fé, na expressão de João Paulo II, quando desenvolvido nas suas máximas possibilidades, é uma escola de vida. Ajudará os jovens a descobrirem respostas de fé para as suas interrogações mais profundas e a assumirem-se como protagonistas da sua própria história e da nova evangelização, exercendo o apostolado, de modo particular, entre os outros jovens.